Asilo Padre Cacique: como é por dentro prédio centenário que acolhe idosos em Porto Alegre
Com 127 anos de existência e de serviços prestados a idosos em situação de vulnerabilidade social, o Asilo Padre Cacique é um dos principais símbolos da filantropia em Porto Alegre.
Situado em uma área de cerca de 5 mil metros quadrados nos pés do Morro Santa Tereza, o local se mantém especialmente por meio de doações de pessoas físicas e jurídicas, além de contribuições de parte dos residentes – ou seja, aqueles com condições de contribuir financeiramente – e por projetos financiados pelo Fundo Municipal do Idoso.
Engana-se quem imagina os moradores sentados ou dormindo o dia inteiro sem compromissos com atividades. O asilo conta com uma série de ambientes e profissionais para auxiliar na rotina dos idosos.
Há inclusive piscina ao ar livre para a realização de hidroterapia e sala onde há equipamentos para a prática de pilates, fisioterapia e fortalecimento muscular. No recinto podem ser vistos itens como halteres, esteiras e bicicletas ergométricas.
Atualmente, os quartos individuais são ocupados por 105 idosos, sendo a maior parte formada por mulheres. Em cada unidade, há cama, televisão, aparelho de DVD, ventilador, armário e cadeira. Apenas o banheiro, com cinco chuveiros, é de uso coletivo, mas dividido por sexo.
Os dormitórios masculino e feminino também ficam em extremidades diferentes do prédio. E há determinados ambientes coletivos, como refeitório, pátio com jardim – onde há um viveiro com periquitos coloridos –, sala de recreação e de atividades físicas.
O pernambucano Daniel dos Santos, 25 anos, trabalha como recreacionista no Asilo Padre Cacique. Há três anos na função e vindo da cidade de Petrolina, o profissional formado em História compartilha sobre a estrutura da edificação localizada nas imediações do Estádio Beira-Rio.
— Basicamente, temos duas enfermarias, sala de visitas, recreação, nutrição, fonoaudiologia e psicologia. Há capela e lavanderia — enumera Daniel, que não esconde o orgulho de conviver com pessoas idosas que necessitam de atenção e cuidados específicos.
São servidas quatro refeições fixas (café da manhã, almoço, café da tarde e janta), além de outras duas ofertas de alimentos ao longo do dia. Após o almoço, é comum encontrar os moradores passeando, conversando, sentados nos bancos dos corredores ou aproveitando o sol.
Moradora centenária
Há seis meses no asilo, Marlene Garcia Barreto, 100 anos, é a moradora mais idosa do local. Vinda de Encruzilhada do Sul, no Vale do Rio Pardo, a ex-costureira passeia pelos corredores com o auxílio de um andador. Exibe uma saúde invejável, queixando-se apenas de dores na coluna, em função de sua antiga profissão, e de um pouco de dificuldades para escutar.
— Eu morava com uma sobrinha minha, que era juíza de Direito aposentada. Em outubro do ano passado, ela faleceu. E tenho um sobrinho-neto que ficou com a casa. Mas eu não quis atrapalhar a vida deles (do parente e da esposa) — contextualiza sobre como veio parar no prédio também centenário.
Quando costurava, relata que viveu durante 15 anos no Rio de Janeiro, onde chegou a atender a esposa de Chacrinha, Florinda Barbosa de Medeiros — já falecida —, e também a cantora Wanderléa. Atualmente, dedica-se a escrever a sua autobiografia com a ajuda de um psicólogo.
Dona Marlene, que nunca casou ou teve filhos, conta que adora "bater papo" com os demais residentes no asilo. E divide o seu sentimento de viver com tantas pessoas:
— Alguém tinha me falado que aqui no Padre Cacique era muito bom. Não é muito bom, é excelente, fantástico. Tem tudo que se possa imaginar — elogia.
Dançarina de tango, ela se diz muito feliz no ambiente. A moradora afirma que não gosta de "fofocas" e pratica fisioterapia duas vezes por semana. Sobre o segredo de chegar aos 100 anos com evidente saúde, ela comenta:
— Provavelmente, eu fui gerada com um grande amor. Pode ser isso aí. Porque não faço nada.
Funcionários e voluntários
Para atender os moradores, 95 funcionários trabalham no asilo. E cerca de 250 pessoas circulam diariamente pelo local. São voluntários, pessoal da administração, nutricionistas, psicólogos, entre outros.
O asilo também conta com residentes com enfermidades delicadas como o Alzheimer, além de outros com dificuldades cognitivas e de locomoção. Nos corredores, pode-se cruzar com idosos em cadeiras de rodas, em carrinhos elétricos e caminhando com auxílio de andadores e bengalas.
Ao todo, 16 cuidadores arrumam os quartos, cuidam das roupas dos idosos e entregam os medicamentos nos horários estipulados por médicos.
— Nós recepcionamos moradores em situação de vulnerabilidade social, das mais variadas idades, a partir dos 60 anos. Aqueles com maiores dificuldades com a família, os abandonados e os que perderam tudo — diz o recreacionista Daniel.
No prédio, que possui pavimento térreo e subsolo, são desenvolvidas atividades culturais e temáticas, como festas juninas e bailes com cantorias e danças. Dois cãezinhos, Doli e Lupi, vivem no asilo e ajudam a divertir os moradores. Os animais têm um espaço localizado no subsolo.
Conforme o recreacionista, os idosos visitam pontos turísticos da cidade como a Usina do Gasômetro e a Casa de Cultura Mario Quintana. Também estiveram no Mirage Circus, que está montado em frente ao asilo, e nos estádios da dupla Gre-Nal. A casa possui três veículos para esses passeios eventuais: um micro-ônibus e dois carros menores.
Ampliação da capacidade
A reforma mais recente foi feita no ano passado. Neste momento, cerca de 15 novos quartos estão sendo construídos e a enfermaria passa por ampliação. Nas tempestades recentes, parte do teto da sala de visitas desabou. Porém, o conserto já foi executado.
As maiores necessidades da instituição ainda são obter alimentos e roupas (veja, mais abaixo, como ajudar). Os custos mensais do asilo giram em torno de R$ 500 mil.
— O meu sentimento é trazer alegria, carinho e cuidado para essas pessoas que são tão especiais para a gente. Foram nosso passado, são o presente e serão, de certa forma, o futuro. Porque trazem ensinamentos que antes eu não tinha — conclui o recreacionista.
O que tem no Asilo Padre Cacique:
- Recepção
- Estacionamento
- Capela interna com um pequeno sino na porta
- Pequena gruta religiosa externa
- Galpão para atividades como festas
- Piscina ao ar livre com aquecimento
- Cancha de bocha
- Pátio interno com jardins
- Corredores
- Rampas de acessibilidade
- Placas solares em parte do telhado
- Quartos individuais (separados por sexo)
- Banheiros coletivos (separados por sexo)
- Refeitório (com quatro telas de televisão e seis aparelhos splits)
- Cozinha
- Sala de visitas
- Sala de odontologia
- Sala de psicologia e terapia
- Sala de nutrição e fonoaudiologia
- Sala de consultório e farmácia
- Sala de reuniões
- Sala de compras
- Sala para atividades físicas
- Sala para recreação e jogos
- Espaço para brechó
- Armários para funcionários
- Rouparia
- Lavanderia
- Duas enfermarias, com banheiros
- Almoxarifado
- Financeiro
- Comunicação
- Gerência de operações
- Gerência geral
- Presidência
Como ajudar:
As doações podem ser entregues na sede do Asilo Padre Cacique, de segunda a domingo das 7h às 20h, na Avenida Padre Cacique, 1.178, em Porto Alegre.
Caso a pessoa preferir, pode realizar depósitos com os valores desejados nas contas abaixo:
- Banrisul (041) - Agência: 0845 c/c: 06.066954.0-9
- Banco do Brasil (001) - Agência: 010-8 c/c: 6.100-X
- Caixa Federal (104) - Agência: 0623 Operação 003 c/c: 1274-4 (ou em qualquer agência lotérica)
Também é possível autorizar o débito mensal em sua conta bancária. O PIX é o CNPJ 92.978.139/0001-22.
Para mais informações, o telefone de contato é (51) 3233-7571 e o e-mail é asilo@asilopadrecacique.com.br. Para acessar o site da instituição clique aqui.